Lá estava eu mais uma vez, em uma livraria, procurando saber um pouco mais sobre a vida de quem passava por ali, então vi um jovem rapas, ele aparentava seus quinze anos e estava ansioso, andava de um lado para o outro, tirava e colocava o celular no seu bolso traseiro, passava a mão no cabelo e respirava ofegante, até que entrou uma menina, de pele clara e cabelos escuros, aparentando também os seus 15 anos. Ele correu em direção a ela, ambos se abraçaram e sorriram, e quando ele menos esperava ela afundou a cabeça em seu ombro e começou a chorar, ele parecia entender o motivo, mas eu não, eu não sabia de nada que estava acontecendo ali. Eu nunca tinha levantando de meu lugar para fazer perguntas sobre a vida de ninguém, mas nesse dia eu realmente não consegui me segurar, tinha algo ali me intrigando, algo que eu sabia que eu ia gostar de ficar sabendo. Sem vergonha, me levantei da poltrona azul que ficava entre as estantes e caminhei até eles.

Com um tom super educado, como se nada de mais estivesse acontecendo o jovem rapaz pergntou:

- Posso ajuda-la senhora?

Meio sem jeito com toda aquela situação, fui sincera e respondi.

- Meu caro menino, eu venho nessa livraria duas vezes por semana, fico ali sentada, lendo, vendo a vida dos outros que entram e saem por essa porta a todos os instantes, e eu nunca levantei para perguntar o que estava acontecendo com cada uma das pessoas, mas hoje eu não consegui resistir a tentação de vir aqui e perguntar a história de vocês dois. - eu não sabia mais o que estava falando, mas continuei - Então por que essa adorável mossa está chorando tanto em seus ombros?

O garoto se assustou um pouco com a pergunta, então a menina um pouco atordoada levantou a cabeça e respondeu:

- Eu o conheci a algum tempo atrás, e então nós mantínhamos contato pela internet, mesmo morando na mesma cidade era muito difícil de nos vermos e hoje, depois de um longo tempo de espera, eu finalmente o conheci - ela fungou e continuou - sei que parece besteira estar chorando assim, mas a gente passou por tanta coisa nesse meio tempo, e ele me ajudou tanto, eu sonhei tanto com o dia em que ia poder sentir o abraço dele, e hoje finalmente chegou, eu ainda acho que isso tudo é um sonho, mas aqui estou eu sentindo o abraço dele.

Eu encantada e sem jeito com a situação, apenas sorri e falei:

- Cuida bem da tua namorada menino, ela te ama de verdade.

- Ah não, não. Ela não é minha namorada, ela é minha amiga, apenas minha amiga.

Nossa, isso só me fez ficar com ainda mais vergonha. A final o que eu ainda tava fazendo ali?! Mas, acho que não consegui disfarçar meu ar de dúvida. Quando ele continuou sua fala:

- Tenho muitas intensões pro nosso futuro, quero ser o padrinho dos filhos dela que vão se chamar Rafael e Mateus, quero também poder quebrar a cara de todos os meninos que partirem o seu coração, mas todas as minhas intenções com ela são puras. Eu a chamo de linda e digo que a amo todos os dias, eu vou abraçar e beijar o seu rosto hoje, quantas vezes forem possíveis. 

E mais uma vez a moça interrompeu e falou:

- Sabe, eu acho que ela tá certa, de algum modo nós não somos só amigos - ele ficou com um ar de dúvida, dava para ver que ele não tinha segundas intenções com ela - somos muito mais do que isso a meses, nós somos irmãos.

E mais uma vez eles se abraçaram, e ambos começaram a chorar, então eu os observei por um tempo, e os deixei ali, naquele abraço que parecia que não teria fim, era um abraço de irmão, onde se passava toda a sinceridade e amor entre eles, aqueles melhores amigos que me provaram que há sim amizade de verdade, sem segundas intenções entre um homem e uma mulher.