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sexta-feira, 28 de setembro de 2012



Rasguei as páginas anteriores, fiz-me de forte e comecei a tatear o teclado, embriagada de amor e dor:
Duas primaveras, dois verões e começa o segundo outono. Mais de doze, quase quinze meses sem você, ou alguma noticia sua. Tempo suficiente para que todo aquele amor guardado até pouco tempo atrás tenha crescido e amadurecido, nada como quinze meses, oito dias e vinte e duas horas para fazer um amor de cinema virar ódio. Tudo bem, não é um amor de cinema, é apenas um amor, o amor que ele não quis mais, que ele deixou para trás assim como todos deixam as folhas que caem no outono e as flores que desabrocham na primavera; ele deixou o meu amor que não era de cinema, mas da vida real no chão como as folhas das arvores que ninguém aprecia e todos passam por cima. Deveria ter continuado sem amar ninguém, talvez ainda mais calculista, talvez assim minhas palavras de amor retorcido não estaria impressas nessas folhas que também como as folhas de outono ninguém irá notar. Mas eu não consegui evitar, não pude correr pra longe dele que me puxava como um imã, não podia me distanciar desse tal amor que agora aos poucos, com menos intensidade, se torna ódio. Ele era e ainda é inteligente, ávido, jovem e lindo; mas esses adjetivos não só fazem com que ele pareça um príncipe, ele também é estúpido, mesquinho, incapaz de saber amar, estranho, odioso e o pior: egoísta. Sim, ele é o ser humano mais egoísta que eu poderia ter conhecido, que só sabia se importar com as próprias dores e com os interesses. Egoísta ao ponto de me culpar pelo fim, ao ponto de deixar o meu amor, acima de tudo me deixar amando. Incapaz de fazer sorrisos agora, esse amor que também não me faz mais chorar, agora faz com que eu use o mouse e vá até o Google procurar passagens de primeira classe para o mais longe dele, esse amor agora me faz fechar os olhos tentando fazer com que o passado volte em segundos, não o passado que eu o tinha, mas o passado em que eu não sabia o que era amor, na verdade voltar a minha forma fetal e começar, recomeçar tudo de novo, meu grande desejo é este. Quem sabe talvez dessa vez, eu não o conhecesse? Mas seria em vão, pois eu sei que iria voltar amá-lo, iria querer ele acima de tudo, ia querer o seu bem acima do meu. Meus olhos que por tanto tempo se viciaram ao olhar a sua foto, hoje procuram novas pessoas, hoje procuram achar um saída dele. Amor errado. Você errado. Os dois errados. Imaturos e insanos. Não nos amamos de verdade, ou você não me amou de verdade? Essa resposta seria interessante há algumas semanas atrás, mas agora, me faço de forte e tampo os ouvidos quando me falam de amor, mudo de assunto, nada como uma fuga do que faz doer para fazer com que você se esqueça, nada como uma boa dose de gim para lhe trazer no dia seguinte uma ressaca, uma nova dor que subordine a dor anterior e que me faça sentir a vida, a vida sem você, dura e amarga. Os verões que poderíamos ter vividos juntos, os invernos que um poderia ter aquecido o outro, tudo isso me causa pena e raiva. Tudo agora é passado, e eu não quero ser mais o museu de nós dois, quero ser uma galeria de arte moderna com novas tendências e pessoas, quero ser novo de novo, não quero me envelhecer por dentro mais, não quero mais o seu amor e nem o meu amor por ele. Eu passei odiá-lo com a freqüência de que um dia amei, que ainda amo. Amo. Amo um cretino que não me ama e que mais uma vez, torno a repetir, me deixou lá trás, me deixou aqui como as folhas que caem no outono e que ninguém as olha. Ele me deixou, com o amor nas mãos e a dor no coração. Foram necessários quase dois anos de sofrimento e para quê? Para eu ver que nada vai voltar, o amor que cresceu e se torna ódio aos poucos. E acredite, quando ele voltar, quando você voltar eu não estarei mais aqui, eu não irei esperar mais e muito menos implorar sua volta. Admito que ainda amo, mas eu aprendi com você, acho que a única coisa que me ensinou, que eu devo me amar acima de tudo e é isso… Eu estou me amando agora.

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